terça-feira, 27 de agosto de 2013

Detesto me acostumar ...


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

domingo, 7 de julho de 2013

Pra você...

Ruben Alves disse: Comunhão é quando  a beleza  do outro e a beleza da gente se juntam em um único contraponto."


Desde  que você surgiu pra mim, sinto assim; uma sintonia de  cumplicidade, uma  leveza na alma, um ouvir mágico   coisas que jamais  imaginei  um dia  escutar ou dar  atenção.

Estou  em   constante crescimento . Consigo  ouvir  até seu silêncio e acredite me traz paz e acolhe  alma.

Que  a natureza permita  que  eu saiba decifrar  os sinais e  as mensagens que você emana ,  que  meus ouvidos estejam sempre abertos  para seu cantar, que eu saiba "trabalhar" você  de forma  que nunca te espante  e sempre retorne. Que DEUS me ajude a ter a sensibilidade de merecer você!!!

Carmem Resende / 7  de julho de 2013            

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Mercado Central de BH

A comunicação no Mercado, é o que tem de melhor. Quando  vi este  cartaz não resisti, fui logo pedindo  ao dono da loja para tirar uma foto. É ou não é  a junção perfeita da linguagem  coloquial, com a não verbal? O recado foi dado!!!







Quando  me perguntam um  local  que  eu indicaria pra  conhecer BH, eu respondo sem  pensar: Mercado Central. Se você gostar do Mercado,  se sentirá bem  em qualquer lugar daqui.

O mercado é democrático, é transparente, agradável, simples, colorido, alegre e leve...