quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Imperfeita


Transcreverei aqui um texto de Martha Medeiros, que li , amei e farei adaptações de acordo com minha vivência , experiência e crença . Segue :
Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que é preciso fazer, como boa profissional, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho a minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema , pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia,compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço unhas e depilação!
E, entre uma coisa e outra, leio lvros (amo).
Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer não.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer não. Culpa por nada aliás.
Existe a coca zero, o fome zero, o recruta zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram era que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é humildemente uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter agenda lotada, não é ser politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável . É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para bisbilhotar uma loja de disco.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Tmpo para uma massagem.
Tempo para ver novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar (está sendo ótimo)
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.
Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma , privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência , senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisar vender a alma ao diabo para ter tudo isso , francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira mar e o rosto lavado podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.

domingo, 15 de novembro de 2009

Livro da Minha Irmã




Apresento a vocês o livro didático de matémática do 6º ao 9º ano escrito por ninguém menos que minha irmã: "Cecília Resende Alves", Matemática Em Foco - Editora FAPI.
Além de acreditar na competência da Ciça, admiro seu empenho e dedicação em tudo que faz e muitas vezes enquanto estava escrevendo essa coleção , ela me deixou de lado rsssssssss ... e dizia quando eu telefonava "não apareça aqui hoje , você fala demais e não posso te dar ouvidos" valeu a pena , tá ai mais uma obra concretizada em sua vida, parabéns maninha , sucesso sempre , sou orgulhosa de ti !!
Aos amigos professores vale a pena conferir o material , segue os dados :
Matemática em Foco - 4 volumes com jogos eletrônicos, banco de questões, atividades extras, jogos para impressão , slides para apresentação em Power Point, CD-Ron . Editora FAPI . www.editorafapi.com.br.

Sobre a vida ...


"A vida tem sua própria sabedoria.Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata. Quem tenta ajudar o broto a sair da semente o destrói. Há certas coisas que têm que acontecer de dentro para fora."

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Caso Uniban


Estou tentando escrever sobre o caso da roupa na Uniban a um bom tempo, mas não estou conseguindo me expressar bem quanto eu queria , até que tive a oportunidade de ler "Contardo Calligaris" na folha de São Paulo e vou transcrever o seu artigo, pois ele foi extremamente justo ao narrar o episódio. Faço aqui meu comentário aos estudantes, cuidado: Há muitas, mas muitas faculdades picaretas que estão mais preocupadas com a roupas dos alunos que com a aprendizagem : valorizem seus diplomas!!
A turba da UNIBAN
Contardo Calligaris
As turbas tem um ponto em comum: detestam que a mulher tenham desejo próprio
Na semana passada, em São Bernardo, uma estudante de primeiro ano do curso noturno de turismo na Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) foi para a faculdade pronta para encontrar seu namorado depois das aulas: estava de minivestido rosa,saltos altos, maquiagem - uniforme de balada.
O resultado foi que 700 alunos da Uniban saíram das salas de aula e se aglomeraram numa turba: xingaram, tocaram, fotografaram e filmaram a moça. Com seus celulares ligados na mão, como tochas levantantadas, eles pareciam uma ralé do século 16 querendo tocar fogo numa perigosa bruxa.
A história acabou com a jovem estudante trancada na sala de sua turma, com a multidão pressionando, por portas e janelas, pedindo explicitamente que ela fosse entregue para ser estuprada. Alguns colegas, funcionários e professores conseguiram proteger a moça até a chegada da PM, que a tirou da escola sob escolta, mas não pôde evitar que sua saída fosse acompanhada pelo coro dos boçais escandindo: "Puta, pu-ta, pu-ta".
Entre esses boçais, houve aqueles que explicaram o acontecido como um "justo" protesto contra a "inadequação" da roupa da colega. Difícil levá-los a sério, visto que uma boa metade deles saiu das salas de aula com seu chapéu cravado na cabeça.
Então, o que aconteceu? Para responder, demos uma volta pelos estádios de futebol ou pelas salas de estar das famílias na hora da transmissão de um jogo. Pois bem, nos estádios ou nas salas, todos (maiores ou menores) vocalizam sua opinião dos jogadores e da torcida do time de adversário (assim como do áritro, claro, sempre "vendido") de duas maneiras fundamentais: "veados" e "filhos da puta".
Esses insultos são invariavelmente escolhidos por serem, na opinião de ambas as torcidas, os que mais podem ferir os adversários. E o método da esclha é simples: a gente sempre acha que o pior insulto é o que mais ofenderia. Ou seja, "veados" e "filhos da puta" são os insultos que todos lançam porque são os que ninguém quer ouvir.
Cuidado: "veado", nesse caso, não significa genericamente homossexual. Tanto assim que os ditos "veados", por exemplo , são encorajados vivamente a pegar no sexo de quem os insulta ou a ficar de quatro para que possam ser "usados" por seus ofensores. "Veado", nesse insulto, está mais para "bichinha", "mulherzinha" ou, simplesmente, "mulher".
Quanto a "filho da puta", é óbvio que ninguém acredita que todas as mães da torcida adversa sejam profissionais do sexo. "Puta", nesse caso (assim como no coro da Uniban) , significa mulher licenciosa, mulher que poderia (pasme!) gostar de sexo.
Os membros das torcidas e os 700 da Uniban descobrem assim um terreno comum: é o ódio do feminino - não das mulheres como gênero, mas do feminino, ou seja, da ideia de que as mulheres tenham ou possa ter um desejo próprio.
O estupro é, para essas turbas, o grande remédio: punitivo e corretivo. Como assim? simples: uma mulher se aventura a desejar? Ela tem a impudência de "querer"? Pois vamos lhe lemrar que sexo, para ela, deve permanecer um sofriento imposto, uma violência sofrida - nunca uma iniciativa ou um prazer.
A violência e o desprezo aplicados coletivamente pelo grupo só servem para esconder a insuficiência de cada um, se ele tivesse que responder ao desejo e às expectativas de uma parceira, em vez de lhe impor uma transa forçada.
Espero que o Ministério Público persiga os membros da turba da Uniban que incitaram ao estupro. Espero que a jovem estudante encontre um advogado que a ajude a exigir da própria Uniban (incapz de garantir a segurança de seus alunos) todos os danos morais aos quais ela tem direito. E espero que com isso, a Uniban se interrogue com urgência sobre como agir contra a ignorância e a vulnerabilidade aos piores efeitos grupais de 700 de seus estudantes. Uma sugestão, só para começar: que tal uma sessão de "Zorba, o Grego", com redação obrigatória no fim?
Agora, devo umas desculpas a todas as mulheres que militam ou militaram no feminismo. Ainda recentemente, pensei ( e disse, numa entrevista) que, ao meu ver, o feminismo tinha chegado ao fim de sua tarefa histórica. Em particular, eu acreditava que , depois de 40 anos de luta feminista, ao menos um objetivo tivesse sido atingido: o reconhecimento pelos homens de que as mulheres (também) desejam. Pois é, os fatos provam que eu estava errado.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

"O seu pior inimigo é você mesmo!"


Cada um de nós conscientemente busca aquilo que considera a sua felicidade. Para uns é o dinheiro, para outros o status, o conhecimento, a cultura, a beleza, a segurança, a família, o amor... A lista é infinita. Em nível racional todos querem obviamente conseguir os seus objetivos , mas duas coisas podem acontecer então. Ou se obtém o que se desejava e descobre-se após algum tempo que aquilo não trouxe a almejada felicidade ou não se consegue as metas idealizadas e ai mergulha-se na infelicidade. Em ambos os casos fica sempre a frustração . Na primeira situação a reação é tipica é criar-se um novo objetivo externo e a perseguição se reinicia num ciclo vicioso que lembra o cachorro correndo atrás do rabo - nunca o alcança. Como a maioria das pessoas não se permitem ver -se como realmente são, na segunda situação a tendência quase universal é encontrar uma explicação para o fracasso através da projeção externa. O mundo e as pessoas é que são os verdadeiros culpados. "A vida é uma guerra". "Os outros querem sempre me derrubar". "Pobre de mim, que trabalho tanto e luto sozinho e ninguém me ajuda ou compreende". E por esse caminho de auto piedade e autojustificativas cria-se uma falsa sensação de conforto e acomodação que só servirá para mantê-las exatamente como sempre foram, ou seja, continuarão com o jogo do fracassado.
Nisso tudo o que as pessoas não percebem é que há uma verdade que nem sempre é fácil de assimilar à primeira vista: o meu maior inimigo, aquele capaz de causar-me os maiores danos, sou eu mesmo! Ninguém prejudica tanto a mim, como eu próprio! Você é o único responsável por você mesmo, é você quem faz seu destino. Mas aí surge imediatamente uma pergunta: se sou eu quem faço as coisas acontecerem ou não, que parte minha cometeria a loucura de causar dor e dificuldade a mim mesmo? É uma porção muito escondida em seu interior mais profundo que promove o seu processo de autodestruição e que tráz uma mensagem gravada a fogo e ferro: "eu não mereço". É surpreendente, mas incoscientemente nós mesmos nos boicotamos em nossos propósitos por causa dessa crença que nos foi imposta sutilmente na infância. Você já observou como você e quase todas as outras pessoas se sentem profundamente desconfortáveis e constrangidas quando recebem um elogio em público? É incrível, mas temos vergonha de possuirmos alguma característica positiva! E as poucas que não o sentem e pelo contrario estão sempre buscando ser elogiadas, são exatamente as que mais se detestam e têm fome de ouvir elogios porque a sua mensagem interior negativa é muito mais forte ainda! Outro exemplo: quantas vezes você foi assaltado pela culpa, por acusações severas de seu juiz interior nas ocasiões em que , depois de muitas dúvidas você decidiu comprar alguma coisa que você desejava tanto ? Passada a euforia inicial e que geralmente dura pouco, aquelas sensações desagradáveis aparecem e tiram todo o prazer com relação ao presente que você se deu depois de tanto tempo de espera! Mais uma vez: eu não mereço. Isso tudo dá a medida do quanto temos que iniciar urgentemente um trabalho interior que nos leve ao verdadeiro amor e respeito por nossa propria pessoa e que nos permita pensar com tranquilidade e sem nenhuma culpa: "eu mereço sim!" E isso não é egoismo é valorização de si mesmo.
Texto de Willian Rezende Araújo

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Entrevista de Howard Gardner


A teoria das inteligências multiplas causou grande impacto na Educação. Após 25 anos o que mudou?
Durante centenas de anos, os psicólogos seguiam uma teoria: se você é inteligente, é assim pra tudo. Se é mediano, se comporta desta maneira todo o tempo. E se você é burro, é burro sempre. Dizia-se que a inteligência era determinada pela genética e que era possível indicar quão inteligente é uma pessoa sumetendo-a a testes. Minha teoria vai na contramão disso. Se você me pergunta se minhas ideias tiveram impacto significativo, eu digo que não. Não há escolas e cursos Gardner, mas pessoas que houvem falar dessas coisas e tentam usá-las.
As escolas têm dificuldade em acompanhar mudanças como essa?
As instituições de ensino mudam lentamente e estão preparando jovens para o século 19 e 20. Além disso, os docentes lecionam do modo como foram ensinados. Mesmo que sejam expostos a novos conhecimentos, é preciso que eles queiram aprender a usá-los. Se isso não ocorre nada muda.
Como fazer a individualização do ensino numa sala com 40 estudantes?
Realmente é mais fácil individualizar o ensino numa sala com dez crianças e em instituições ricas. Mas, mesmo sem essas condições ideais, é possível: basta organizar grupos formados por aqueles que têm habilidades complementares e ensinar de modos diferentes. Se o professor entende a teoria, consegue lançar mão de outras formas de trabalhar - como explorar o que há no entorno da escola. Se ele acredita que só com equipamentos caros vai conseguir bons resultados em sala de aula, não entendeu a essência do pensamento.
A lista de conteúdos está cada vez maior. Como dar conta do programa e ainda variar a metodologia?
É um erro enorme acreditar que por termos mais a aprender, necessitamos ensinar mais. A questão central é que várias coisas que antes tinham de ser memorizadas agora estão facilmente disponíveis para pesquisa. Colocar uma quantidade cada vez maior na cabeça da garotada é um desastre . Infelizmente, essa é uma prática comum em diversos cantos do mundo. Depois de viajar muito, posso afirmar que o interesse de diversos ministros da Educação é apenas fazer com que seu país se saia bem nos testes internacionais de avaliação. E isso é ridículo.
Qual a sua avaliação sobre a Educação brasileira?
Acredito que, se o Brasil quer ser uma força importante no século 21, tem de buscar uma forma de educar que tenha mais a ver com seu povo, e não apenas imitar experiências de fora, como as dos Estados Unidos e da Europa. O país precisa se olhar no espelho, em vez de ficar olhando a bússola.
Sua teoria inclui um método adequado de avaliá-la?
Gastamos bilhões de dólares desenvolvendo testes para medir o nível que está a Educação, mas eles, por si só, não ajudam a aprimorá-la - simplesmente nos dizem quem está melhor ou pior. Para saber isso, basta olhar para as notas. A diferença dos testes de inteligências multiplas é que é necessários aplicá-los somente naqueles que tem dificuldades. Assim, podemos verificar as formas de ensinar mais adequadas a eles, ajudando todos - e a educação de fato.
Os testes de QI sofreram muitas críticas de sua parte. Por quê?
A maior parte dos testes mede a inteligência lógica e de linguagem. Quem é bom nas duas é bom aluno. Enquanto estiver na escola, pensará que é inteligente. Porém se decidir dar um passeio pela cidade, rapidamente descobrirá que outras habilidades fazem falta, como espacial e a intrapessoal - a capacidade que cada um tem de conhecer a si mesmo, é fundamental hoje.
De que forma essa habilidade pode ser determinante para o sucesso?
Ela não era importante no passado porque apenas repetíamos o comportamento dos nossos pais . Agora, todos necessitamos tomar decisões sobre onde morar, que carreira seguir e se é hora de casar e ter uma família. E quem não tem um entendimento de si mesmo comete um erro atrás do outro.
Qual o desafio do mundo para os próximos anos em relação à Educação?
Estamos vivendo três poderosas revoluções. Uma delas é a globalização. As pessoas trabalham em empresas multinacionais e mudam de país, o que é bem diferente de quando as populações não tinham contato umas com as outras. A segunda revolução é biológica. Todos os dias , o conhecimento científico se aprimora e isso afeta a maneira de ensinar e de aprender. O cérebro das crianças poderá ser fotografado no momento que estiver funcionando , permitindo detectar onde estão os pontos fortes e fracos e a melhor forma de aprender. A terceira revolução é a digital, que envolve realiade virtual, programas de mensagens instantâneas e rede sociais. Tudo isso vai interferir na forma de pensar a Educação no futuro.
O livro "Cinco Mentes Para o Futuro" aborda as características essenciais a ser desenvolvidas pelos humanos . Como isso se relaciona com as inteligências multiplas?
As cinco mentes não estão conectadas com as inteligências e são possibilidades que devemos nutrir. A primeira é a mente disciplinada - se queremos ser bons em algo, temos de nos esforçarmos todos os dias. Isso costuma ser difícil para os jovens, que mudam rapidamente de uma tarefa para outra. Essa mente pressupõe ainda a necessidade de compreender as formas de raciocínio que desenvolvemos : histórica, matemática, artística e científica. O problema é que muitas escolas ensinam somentes fatos e informações.
Como lidar com o excesso de informações a que temos acesso hoje?
Essa capacidade é dominada por um segundo tipo de mente, a sintetizadora. Ela nos aponta em que prestar atenção e como os dados podem ser combinados . É preciso ter critério para fazer julgamentos e saber como comunicar-se de forma sintética. Para os educadores, era mais fácil sintetizar quando usavam-se apenas um ou dois livros.
Qual é o terceiro tipo de mente?
A criativa . Ela levanta novas questões, cria soluções e é inovadora. Pessoas deste tipo gostam de arriscar e não se importam de errar e tentar de novo. Essa é a mente que pensa fora da caixa . Mas você só consegue isso quando tem uma caixa : disciplina e síntese. Por isso, o conselho que dou é dominar a disciplina na juventude para ter mais tempo de ser criativo.
O livro aponta também habilidades associadas a virtudes morais.
Uma delas envolve o respeito - e é mais fácil explicar a mente respeitosa do que alcançá-la. Ela começa com o reconhecimento de que cada ser humano é único e, por isso, tem crenças e valores diferentes. A questão é o que fazemos com essa conclusão. Nós podemos matar e discriminar os diferentes ou tentar entendê-los e cooperar com eles. Desde que nascem, os humanos percebem se vivem num ambiente respeitoso. Observam como os pais se relacionam e tratam os filhos, como os mestres interagem com os colegas e com os estudantes e assim por diante.
Essa última habilidade se relaciona à ética, certo?
Sim. No que se refere à ética, é necessário imaginar-se com multiplos papéis: ser humano, profissional e cidadão do mundo. O que fazemos não afeta uma rua, mas o planeta. Temos de pensar nos nossos direitos, mas também nas responsabilidades. O mais difícil em relação à ética é fazer a coisa certa mesmo quando essa atitude não atende nossos interesses. Ao resumir esses dois últimos tipos de mente, eu diria que pessoas que têm atitudes éticas merecem respeito. O problema é que muitas vezes respeitamos alguém só pelo dinheiro ou pela fama. O mundo certamente seria melhor se dirigíssemos nosso respeito às pessoas extremamentes éticas.
O ideal é que as cinco mentes sejam desenvolvidas?
Sim. No entanto, elas não se adaptam umas às outras de forma fácil. Sempre haverá tensão entre a disciplina e a criatividade e entre o respeito e a ética . Cabe você respeitar colegas e superiores, mas, se eles fizerem algo errado, como agir? Ignorar o fato ou confrontá-lo? Saber conciliar os diferentes tipos de mente é um desafio para a inteligência intrapessoal. Só você pode se entender e achar seu caminho.
Um dos foco de seu projeto Good Work, prevê a formação de bons trabalhadores. Como eles podem ser identificados?
Eles possuem excelência técnica, são altamente disciplinados, engajados e envolvidos e gostam do que fazem. Além disso também são éticos. Estão sempre se questionando sobre que atitudes tomar, levando em conta a moral e a responsabilidade e não o que interessa para o bolso deles. O bom cidadão se envolve nas decisãoes, participa, conhece as regras e as leis : isso é excelência. Por último não tente se eneficiar à custa disso. Há pessoas bem informadas que só promovem o próprio interesse . O bom cidadão não pergunta o que é bom para ele, mas para o país.

Howard Gardner - Inteligências Multiplas


Howard Gardner, se dedica a estudar a forma como o pensamento se organiza, balançou as bases da educação ao defender, em 1984, que a inteligência não pode ser medida só pelo raciocínio lógico-matemático, geralmente o mais valorizado na escola. Há outros tipos de inteligência: musical, espacial, linguística, interpessoal, intrapessoal, corporal, naturalista e existencial.
Gardner tem um novo foco de pensamento, organizado no que chama de cinco mentes para o futuro, em que a ética se destaca. "Não basta ao homem ser inteligente. Mais do que tudo é preciso ter caráter" diz citando o filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson (1803-1882). E completa: "O planeta não vai ser salvo por quem tira notas altas nas provas, mas por aqueles que se importam com ele".
Autor do livro Multiple Intelligences Around the World (ainda não editado no Brasil), defende o comportamento ético.
Frases Marcantes:
"É difícil fazer o certo se isso contraria nossos interesses"
"Os educadores devem conhecer ao máximo cada um de seus alunos e, assim, ensiná-los da maneira que eles melhor poderão aprender."
"Há pessoas bem informadas que só promovem o próprio interesse. O bom cidadão não pergunta o que é bom pra ele, mas para o país."
Transcreverei na próxima postagem uma entrevista que ele deu num Congresso em Curitiba .