quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Heresia






Em  setembro, um amigo  me apresentou esse livro  e nos poucos minutos que tive para observá-lo achei interessante. Sem falar  que tenho uma queda  pela literatura inglesa  e seus autores. Nesse mês tive a oportunidade  de  comentar o meu interesse pelo livro e coragem  para pedi-lo emprestado. Totalmente diferente  de mim o desprendido amigo me  emprestou na maior boa vontade. Confesso que fiquei sem graça pois  acho difícil liberar  meus livros e  mais difícil ler o livro dos outros pois tenho que me comportar e lembrar-me a toda hora  que o livro não é meu, requer  todo um ritual ler livro dos outros: nada de caneta, lápis, marca texto perto e total  atenção  com a Cindy minha cachorrinha companheira  de leitura. Cuidado também  com o marca página e  com minhas lágrimas, se chorar  devo-me lembrar  que o livro  não é meu, que pena!

 Maravilhosa história, porém tristíssima. Fiquei meio deprê  e confesso  que estou no meu momento  em que as coisas inclusive a literatura  deve ser conclusiva,  tem  que  ter um fim, uma decisão, talvez por isso esteja  sofrendo tanto, pois  quero explicação pra tudo, quero um motivo para cada  acontecimento vivido, quero saber  porque aconteceu tal fato, o que  estou fazendo  aqui e porquê fui parar lá?... estou no 'momento perguntas'.


Bem, filosofia a parte ... ficaram  as questões sem resposta e afirmações sem provas  que a  minha leitura provocou:Quando irão acabar  as brigas religiosas?  Qual é o conceito  de família? na guerra e no amor, vale tudo? Quem vai nos acolher  nas nossas angústias?Alguém tem  que ceder! mas quem??? Onde está DEUS?? DEUS está  em mim! Quem poderá nos salvar? E  a minha  eterna e terna pergunta:"devo pensar pra dois?" O que Jane(Austen) Faria????

O livro trata das relações humanas,crenças religiosas,  conflitos familiares, confianças amorosas e o que  a gente não faz  e é capaz por amor? Será  que acreditar tanto numa religião não é a forma mais  egoísta  de privatizar DEUS?














 

domingo, 27 de janeiro de 2013

Triste









Sofro porque  a juventude me encanta...

Sofro porque frequento  boate...

Sofro porque meu sobrinho, também diverte em  boate...

Sofro porque sou professora e meus alunos tem sede de alegria...

Sofro porque sair de casa  e não voltar  é  assustador...

Sem palavras  para descrever, recorro  a Carpinejar:

 
A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS

Fabrício Carpinejar

Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.
...
A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?

O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.

Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.

Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.

Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

As palavras perderam o sentido.
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Exposição...

 
 
 
Caetano  Veloso já dizia: "cada um, sabe a dor e a delícia de ser o que é". Vou  parafraseá-lo : "cada um sabe a dor e a delícia de expor o que quer..."

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Livros...livros

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, bom estar registrando aqui o que estou  sentindo: Ou seja, de (bem) com a vida  e  em PAZ. Ganhei quatro livros  de presente  e prometi a mim mesma  que iria ler por ordem  de presente e logo após ler essa crônica, vim correndo pra cá  para  dividí-la  com vocês. Ganhei o livro "As Melhores Crônicas de Rubem Alves" da Lucinha e do Marquinho, um doce casal  que adoro trocar ideias, livros e jogar  conversa fora rsssssssssss.Pra quem nunca leu Rubem Alves, sugiro que comece  com esse. Digitarei a crônica que mais gostei e que me tocou (eu não  a conhecia) e caiu muito bem  com o momento que eu estou passando. Vou digitá-la na íntriga, se tiver algum erro, levem em conta a emoção.




É conversando que  a gente se desentende

 
 

É de madrugada, naquele intervalo confuso entre o sono e o estar acordado, que os deuses me fazem suas revelações. Acontece, então, que as coisas mais banais aparecem à minha frente pelo avesso, o que muito me surpreende porque, pelo avesso, as coisas são o oposto do que parecem ser pelo direito./ Hoje, por exemplo, os deuses revearam-me que a separação vem da compreensão. Para se ficar junto é melhor não entender. Isso é o oposto do que pensam os casais que vivem brigando. Acham que suas brigas devem-se ao fato de não se entenderem e pedem então socorro aos terapeutas, quem sabe a terapia fará com se entendam melhor, o que é fato, mas a conclusão não segue a premissa. Não é certo que, depois de se entenderem melhor, vão ficar juntos./ Frequentemente é no exato momento da compreensão que a separação torna-se inevitável. Nada garante  que o compreendido seja gostado. Prova disso é o que aconteceu com meu sogro, que odiava miolo. Convidado para jantar, deliciou-se, repetiu  e fartou-se com uma maravilhosa couve-flor empanada. Ao final do banquete, cumprimentou a anfitriã pelo prato divino. Mas ela logo explicou:"Não é couve-flor, é miolo empanado...". E ele entendeu, entendimento que o catapultou na direção do banheiro mais próximo, onde o jantar foi vomitado. É assim. Às vezes, quando  a gente não entende, come  e gosta. Quando entende.desgosta e vomita./ Afirmação assim avessa, tão contrária ao senso comum, exige uma explicação_ e é o que passo a fazer, por meio de uma longa curva que, na geometria não-euclidiana da alma, é o caminho mais curto entre dois pontos./Abri, no meu micro, um arquivo com o nome de "Encíclicas". Coloco ali o texto das encíclicas que vou promulgar quando for eleito Papa. Como se sabe, o Papa Leão XIII, em 1891, promulgou a encíclica De Rerum Novarum, que quer dizer "Sobre as coisas novas". De repente, a igreja, que até então acreditava que tudo o que merece  ser conhecido estava guardado no seu baú milenar de doutrinas, percebeu,com um susto, que coisas novas, interessantíssimas, aconteciam no mundo./ E o bom Papa apressou-se a passar essa informação adiante. Esse foi o início de um enorme esforço de modernização da Igreja que não deu certo, pois não se coloca remendo de pano novo em pano velho. O pano velho começou a rasgar... Desejoso de reparar o mal que a encíclica De Rerum Novarum causou, escrevi a sua antítese,   a encíclica De Rerum Vetustarum, ou seja, "Sobre as coisas velhas"./ E a sua substância é extraordinariamente simples.Reza a encíclica que, do momento de sua publicação para frente, tudo, absolutamente tudo o que ocorrer na igreja, as fórmulas litúrgicas, as bençãos sacerdotais, batizados, crismas, casamentos, funerais, hinos, leituras dos textos sagrados, encíclicas, e mesmo as falas do padre ao confessionário, tudo deverá ser feito em latim.Ah! Como é belo o latim! Soa como uma "Liturgia de Cristal", música pura./ A música  é a poesia no seu ponto máximo, quando as palavras perdem  completamente qualquer sentido e transformam-se em beleza pura, beleza que não busca significações. Beleza inefável, sem palavras: sobre ela não pode haver querelas. Assim, se tudo na igreja acontecesse em latim, seria como se tudo só fosse música _ não haveria possibilidade de desentendimentos./ Se os padres e os bispos falassem em latim,  a gente não entenderia nada e amaria tudo. Pois a música é assim: a gente ama sem entender. Sabia disso muito bem o oráculo de Delfos, sábio e esperto, que jamais falava qualquer coisa que os outros entendessem. A linguagem clara e distinta mata a fantasia. Falava ele os seus enigmas, música pura, língua estranha.Não é por acaso que os pentecostais e os carismáticos crescem  como crescem: pelo poder da língua estranha que ninguém entende. Dentro do que ninguém entende cabe tudo: miolo vira couve-flor e o corpo e a cabeça aprovam./ Eu gostaria mesmo era de frequentar um mosteiro onde fosse proibido falar prosa _  onde só se lesse poesia e se contassem causos e estórias _ e se ouvisse música, canto gregoriano, Bach, o saxofone de Jan Gargarek, o piano de Keith Jarrett, a Carmina Burana, Jean-Pierre Rampal tocando melodias japonesas, o Maurice André e o seu pistão... Ou uma congregação Quaker, onde se cultiva o silêncio, ninguém fala, todo mundo ouve, a voz de Deus só se ouve quando todo mundo fica quieto./ A compreensão sempre dá briga. Imagino, mesmo, que foi por isso que Deus confundiu as línguas da humanidade na construção da Torre de Babel. As pessoas falavam a mesma língua. Falando, entendiam-se. Entendendo-se,compreendiam as opiniões uns dos outros. Compreendendo as opiniões uns dos outros, não gostavam delas. E daí passavam às vias de fato. Deus Todo-Poderoso compreendeu, então, que  a única forma de evitar pancadaria era fazer  com que eles  não se entendessem. E foi então que nasceu a música, a língua que ninguém entende e todo mundo ama./ É conversando que a gente se desentende. Em um momento, continuarei a minha curva, lugar onde se louvam os casamentos eternos, para chegar à casa, lugar onde se sabem que os casamentos são efêmeros. Por enquanto, fica o conselho aos casais que estão brigando. Cuidado com a conversa. Da conversa pode nascer a compreensão, da compreensão pode surgir a separação. A compreensão  pode ser tão fatal para o casamento quanto ela foi para o jantar do meu sogro. É conversando que a gente  se desentende./ Previnam-se contra a terapia de casal. Ela pode produzir compreensões insuportáveis. A compreensão pode produzir a loucura. Há loucuras que resultam da lucidez... Adotem a sabedoria milenar da Igreja: adotem o latim como língua da casa. E dediquem-se à música, dando preferência aos instrumentos de sopro, pois enquanto se sopra não se fala e, assim, a compreensão e a separação são evitadas.

 

 
 
 
 

 

2013 chegou agora aqui...

Abençoado  seja 2013! Venha com muitas oportunidades, belos sorrisos, boas gargalhadas e a esperança  de que o melhor  irá acontecer...