sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Funeral Blues


Pare os relógios, cale o telefone
Evite o latido do cão com um osso
Emudeça o piano e que o tambor surdo anuncie
a vinda do caixão, seguido pelo cortejo.
Que os aviões voem em círculos, gemendo
e que escrevam no céu o anúncio: ele morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços brancos das pombas de rua
e que guardas de trânsito usem finas luvas de breu.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste
Meus dias úteis, meus finais - de - semana,
meu meio - dia, meia - noite, minha fala e meu canto.
Eu pensava que o amor era eterno; estava errado
as estrelas não são mais necessárias; apague-as uma por uma
Guarde a lua, desmonte o sol
Despeje o mar e livre-se da floresta
pois nada mais poderá ser bom como antes era.
W.H. AUDEN
Poema destacado no filme "Quatro casamentos e um funeral" - 1994 .Achei o funeral o melhor do filme e a dor sentida pelo ator ao ler o poema comove qualquer platéia .
Talvez os "filmes da nossa vida" às vezes sejam só pequenos momentos que vemos na tela e que , de uma forma sutil, nos remetem passagem vividas e sentidas por nós ; e que identificamos com a fala, a postura, a gravura ou o gesto e a expressão do olhar na tela .
W. H. Auden, (1907 - 1973) Poeta e critico inglês. Foi a grande voz de intelectuais de esquerda dos anos 1930, demasiadamente politico, radical. Incomodava pela frequência com que lançava mão em seus poemas, de espiões, bordéis e impulsos reprimidos - sua homossexualidade estava por trás de várias referências pessoais, aparecendo insistentemente em suas poesias.

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